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Capital Humano Produtividade

Se você quer vencer PARE DE ESTUDAR AGORA! Construa uma torre!

Quero iniciar o meu texto de hoje com uma reflexão com base na minha vivência das últimas semanas.

Imagine uma competição, cujo objetivo é simples: construir uma torre, a mais alta e estável possível, com um grupo de quatro pessoas e com um tempo limite de 18 minutos, onde os recursos são vinte “barras” de espaguete, um metro de fita adesiva, um metro de barbante e um MARSHMALLOW.

Essa atividade é conhecida como “O desafio do marshmallow”, criada pelo pesquisador Peter Skillman, que coloca à prova os tipos de gestão, relacionados a capacidade de planejar, trabalhar em equipe, cocriar, desenvolver um projeto e, ao final, coroar com o marshmallow o alto da estrutura.

Esse experimento revelou algo incrível sobre a natureza da colaboração. Tive o prazer de, durante muitos anos, aplicar dinâmicas similares com CEOs, altos executivos, engenheiros, equipes operacionais, com formação acadêmica ou não e é realmente incrível.

Em geral, todos os grupos começam revendo as regras, conversam sobre o desafio, imaginam como será o aspecto da torre, pegam papel e caneta para fazer um desenho ilustrativo, fazem contas matemáticas, brigam pelo poder e pela liderança dentro da equipe, discutem o planejamento, as possibilidades, os riscos e os pontos de vistas, e por fim começam a executar, quase sempre com o tempo acabando.

Em particular, na dinâmica do marshmallow, quando faltam 30 segundos ou menos para acabar o tempo, alguém pega o marshmallow, coloca na ponta da estrutura e quando toca a campainha todos se afastam, prestes a comemorar e a admirar o seu projeto, mas quase sempre a torre desmorona, e a estrutura cai, assim como o sorriso na face de todos. É realmente um momento frustrante para aquelas equipes.

Sei que entre os grupos no mundo inteiro com o PIOR desempenho nessa atividade estão os recém-formados nas escolas de gestão. Entre os melhores estão os recém-formados no jardim de infância. Isso mesmo, crianças entre 5 e 6 anos de idade. Não só as estruturas mais altas, como criam as estruturas mais interessantes de todas.

A pergunta que quero fazer remete ao título do nosso texto: “Como é possível? Porquê? O que eles têm de especial?”

Acontece, em primeiro lugar, que nenhuma das crianças gasta o tempo disponível para tentar ser “O Diretor da Esparguete Ltda”. Elas não lutam por poder! Outro aspecto importante é que os estudantes de gestão são treinados para encontrar “a estratégia correta”, para somente depois começarem a executá-la. Sem tempo qualquer erro é impossível de ser contornado.

As crianças, sem estudo de estratégia, planejamento, fazem de forma diferente. Iniciam pelo marshmallow e não pela estrutura, ou seja, de trás para frente, colocando o objetivo principal sempre em primeiro plano, depois vão construindo protótipos sucessivos sempre a tentar manter o “marshmallow” no topo. Portanto, têm mais tempo para corrigir os protótipos durante o desafio. E com isso, com cada versão criada, as crianças obtêm um retorno instantâneo, seguindo a máxima de erre rápido e corrija rápido.

A equipe B pode não ter tantos gênios individuais, mas quando o grupo se junta a SOMA é muito maior do que todas as partes separadas

Mas é claro que a conclusão não é tão simples assim! Vamos entender revendo as estratégias que utilizamos em nosso ambiente de trabalho versus o que observamos frente à dinâmica apresentada.

1. Acreditamos, em geral, que equipes formadas por pessoas mais inteligentes (acima da média) tendem a ter um desempenho melhor. Correto? Errado!

Em outras centenas de experimentos similares, pesquisadores fizeram teste de QI de antemão e constataram ao contrário. Equipes formadas por pessoas “mais inteligentes” obtiveram desempenho inferior as com “intelecto” inferior na média, pois contribuem mais ao invés de divergirem sempre.

2. Supomos que equipes que possuem líderes mais decididos conseguem resultados melhores. Corretos? Errado!

Lideres “decididos” inibem a participação e a criatividade dos demais, além de criar um ambiente de desconforto psicológico, fazendo com que as pessoas apenas acatem suas decisões, sem questioná-las, até porque sempre quem decide é o líder, antes mesmo das pessoas sequer poderem propor algo.

3. Se eu puder escolher entre duas equipes, A e outra B, sendo que a equipe A é a inteligente, séria e cheia de pessoas bem-sucedidas; enquanto a equipe B é mais informal e sem grandes históricos de sucesso individual, talentosos ou gênios. A resposta é fácil, né? Claro que a equipe A! Correto? Errado!

Não existe nenhuma evidência que garante que o time A com seus talentos individuais terão sucesso como equipe. Na verdade, na prática, sempre apresentam dificuldades extremas de convívio e de colaboração. Em contraste, a equipe B, em geral, se mostra mais confusa.

As pessoas interrompem umas às outras, socializam, em vez de se concentrarem no assunto o tempo todo. Mas TODO MUNDO FALA, tanto quanto precisa. Todos se sentem igualmente úteis e estão mais atentos à linguagem corporal e às expressões dos colegas. A equipe B pode não ter tantos gênios individuais, mas quando o grupo se junta a SOMA é muito maior do que todas as partes separadas.

Escrito por Andre Girotto

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